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Golpes Digitais: Como proteger empresas e clientes

Por Brunna Simon |
Advogada Especialista em Fraudes

Nos dias de hoje, com o avanço da tecnologia, as fraudes digitais têm se tornado um grande desafio para empresas de todos os tamanhos. Segundo uma pesquisa da Deloitte, metade das empresas brasileiras já foi vítima de alguma fraude digital, o que evidencia a importância de medidas de segurança eficazes.

Para entender como as empresas podem se proteger e proteger seus clientes, conversamos com uma especialista em segurança digital, que compartilhou seus conhecimentos sobre os tipos mais comuns de golpes, como lidar com uma fraude e as melhores formas de prevenção.

Brunna Simon - Nossa Entrevistada

Ela sempre foi dedicada, trabalhadora e determinada a construir algo maior. Escolheu o Direito com o objetivo de fazer justiça e sonhava em ser juíza, mas, ao estagiar no tribunal, percebeu que aquela realidade não era para ela. Trabalhou em um grande escritório combatendo fraudes, passou na OAB e fez pós-graduação na FGV, mas ainda sentia que estava no caminho errado.

Na pandemia, já sendo advogada e tendo tido contato com casos de golpes, nunca imaginou que aquilo se tornaria seu propósito. Planejava estudar fora, mas, com a crise, se viu sem emprego e sem perspectivas. Para captar clientes, se cadastrou no GetNinjas e, ali, tudo mudou. Seu primeiro caso foi de uma vítima de fraude bancária, e aquilo despertou algo nela. Começou a estudar Direito Digital intensamente e, antes que percebesse, já havia ajudado milhares de pessoas.

Foi então que investiu no Google Ads e enxergou o verdadeiro impacto de seu trabalho. Assim nasceu o Dra. Cai no Golpe, um projeto que já ajudou mais de 5.000 vítimas de fraudes. Percebeu que seu propósito ia além de recuperar valores: queria informar, conscientizar e lutar para reduzir os crimes de golpes no Brasil.

O número de vítimas cresce diariamente, e muitas pessoas ainda não sabem como se proteger. Por isso, sua missão não é apenas atuar juridicamente, mas também educar a população, tornando o conhecimento acessível. Ela acredita que a informação é a principal arma contra os golpistas.

Hoje, transformou desafios em impacto real. Trabalha todos os dias para trazer justiça e ajudar quem mais precisa, mostrando que, com informação e apoio, é possível reduzir esses crimes e proteger milhares de pessoas.

Os Tipos Mais Comuns de Golpes Digitais

Atualmente, os criminosos têm se especializado em fraudes cada vez mais sofisticadas. Brunna, com sua experiência, destaca três tipos de golpes que estão afetando empresas de diferentes setores: boletos falsos, sites falsos e falsos funcionários.

  • "Golpe do Boleto Falso: No golpe do boleto falso, os criminosos enviam cobranças praticamente idênticas às originais, com dados reais do cliente, mas com pequenas alterações no código de barras ou na conta de destino. Muitas vezes, a empresa nem percebe que o pagamento foi desviado até que o fornecedor ou credor cobre a dívida novamente.

  • Sites Falsos: Já no caso dos sites falsos, os golpistas criam páginas idênticas às das empresas legítimas. O cliente acessa, acredita estar na plataforma oficial e acaba fornecendo dados pessoais ou bancários diretamente aos criminosos. Isso gera prejuízo financeiro e um grande impacto na reputação da empresa, pois muitos consumidores acham que a falha foi da própria companhia.

  • Golpe do Falso Funcionário: Por fim, o golpe do falso funcionário tem crescido significativamente nos últimos anos. Os criminosos se passam por representantes da empresa, oferecendo descontos, negociações ou suporte técnico."

Brunna ainda complementa essa análise com uma experiência que viveu em um atendimento que entregou a um cliente. Ela relata que recentemente, atendeu uma empresa que perdeu todo o valor processado em sua máquina de cartão após ser abordada por um falso representante da operadora de pagamentos. O golpista afirmou que era necessário atualizar o sistema para evitar bloqueios e, seguindo as orientações do suposto funcionário, a empresa autorizou a operação. O dinheiro foi desviado e, para piorar, a operadora da máquina não detectou nenhuma irregularidade, deixando a empresa sem capital para pagar fornecedores. Esse tipo de situação mostra a importância de medidas de segurança mais rigorosas e até a possível responsabilização de terceiros.
"Infelizmente, os criminosos estão cada vez mais sofisticados, e cabe às empresas se anteciparem para evitar esses prejuízos."

Para auxiliar empresas e clientes a se protegerem desses golpes, convidamos Brunna a compartilhar seu valioso conhecimento, respondendo a algumas perguntas essenciais:

Como Garantir Transparência e Confiança com os Clientes?

Manter os clientes informados sobre golpes deve ser uma prática constante dentro da empresa. Muitas fraudes acontecem porque os consumidores não sabem identificar os sinais de alerta. Uma boa estratégia é enviar comunicados regulares por e-mail, SMS ou WhatsApp, informando o que a empresa não faz, como solicitar senhas por telefone, pedir transferências via PIX ou oferecer descontos inesperados. Isso ajuda o cliente a reconhecer um golpe imediatamente.

Além disso, a informação precisa ser acessível. Colocar alertas de segurança na página inicial do site, exibir cartazes em lojas físicas e publicar avisos nas redes sociais são maneiras eficazes de reforçar essa mensagem. Quanto mais os clientes souberem sobre os golpes, menores serão as chances de caírem em fraudes.

A criação de uma força-tarefa interna para monitorar os golpes mais comuns e atualizar os alertas periodicamente também é uma excelente prática. Como os criminosos estão sempre se adaptando, as empresas precisam acompanhar as novidades e agir rapidamente.

Como Agir Quando o Nome da Empresa é Utilizado em Golpes?

Caso uma empresa perceba que criminosos estão utilizando seu nome para aplicar golpes, a transparência é a primeira atitude necessária. A comunicação com os clientes deve ser imediata e pode ser feita por meio de comunicados oficiais, redes sociais ou até mesmo notificações no próprio site. Quanto mais rápido a informação for compartilhada, mais clientes serão protegidos.

Além disso, é fundamental deixar claro o que a empresa não faz, reforçando as práticas de segurança já divulgadas anteriormente. Se a empresa já vinha alertando sobre esse tipo de fraude antes de o golpe acontecer, isso ajuda a comprovar que tomou medidas preventivas.

Registrar a fraude também é essencial. Um boletim de ocorrência pode ajudar a buscar a responsabilização dos criminosos. Dependendo do caso, a empresa pode exigir que plataformas digitais e instituições financeiras removam conteúdos fraudulentos e ajudem a identificar os responsáveis.

O Que a Empresa Pode Fazer Juridicamente?

Quando uma empresa é vítima de golpe, ela pode recorrer a diversas ações legais. Além de registrar um boletim de ocorrência, a empresa pode solicitar judicialmente que operadoras de telefonia, bancos e plataformas de pagamento forneçam informações sobre os fraudadores. Essas informações podem levar a contas bancárias suspeitas e ajudar a rastrear os criminosos.

É importante avaliar também se há responsabilidade de terceiros. Se uma operadora de pagamentos, uma instituição financeira ou um provedor de tecnologia falhou em proteger a empresa contra o golpe, a empresa pode buscar indenização. Casos como o da empresa que perdeu dinheiro devido à falha na segurança de uma operadora de cartão de crédito mostram como os intermediários também precisam ser responsabilizados.

Como os Consumidores Podem Se Proteger?

Os golpistas são cada vez mais criativos, mas há um padrão em quase todos os golpes: a pressa e o senso de urgência.

Fraudes geralmente envolvem mensagens como:

  • "Seus dados serão bloqueados, faça isso agora!"

  • "Promoção exclusiva, mas só vale para as próximas 2 horas!"

  • "Deposite o valor agora para garantir a taxa especial!"

A verdade é que, na maioria dos casos, se um pedido parece urgente demais ou bom demais para ser verdade, há grandes chances de ser golpe.

Outro sinal de alerta é quando alguém pede informações confidenciais ou pagamentos por canais não oficiais. Sempre confirme diretamente com a empresa por meio dos contatos oficiais disponíveis no site.

A tecnologia pode ajudar. Ativar a autenticação em dois fatores nos serviços financeiros e usar senhas fortes reduz o risco de invasões.

O mais importante é: desconfie, cheque e nunca tenha pressa. A calma é a maior aliada contra os golpes, enquanto a pressa e a ganância são as maiores amigas dos criminosos.

O avanço da tecnologia trouxe muitas facilidades, mas também abriu espaço para golpes cada vez mais sofisticados. Empresas e consumidores precisam estar sempre atentos e buscar informação constantemente.

A melhor defesa é prevenção e conhecimento. Investir em segurança digital, treinar equipes e educar clientes são passos essenciais para evitar prejuízos e preservar a reputação da empresa.

Se cada um fizer a sua parte – empresas, consumidores e até o próprio sistema financeiro – poderemos reduzir o impacto dos golpes e tornar o ambiente digital mais seguro para todos.

Proteção Digital é uma Responsabilidade de Todos

Com o aumento da sofisticação dos golpes digitais, a prevenção e a educação se tornam essenciais para proteger tanto as empresas quanto os consumidores. Como Brunna destacou ao longo de nossa conversa, a transparência, a constante atualização das práticas de segurança e o treinamento interno são fundamentais para combater esses crimes. Mas, mais do que isso, é importante lembrar que a segurança digital não é responsabilidade apenas das empresas – consumidores e até instituições financeiras também devem estar atentos e preparados.

A informação é a principal arma contra os golpistas, e, ao compartilhá-la de forma clara e acessível, todos ganham. Ao aplicar as práticas e estratégias discutidas aqui, podemos criar um ambiente mais seguro no mundo digital, onde cada um faz a sua parte para reduzir os impactos das fraudes e garantir a confiança nas transações online.

Investir em segurança, educar a população e agir com rapidez diante dos golpes são passos essenciais para tornar o ambiente digital mais seguro e confiável. Que possamos continuar a luta contra esses crimes, não apenas com ferramentas tecnológicas, mas com conhecimento, empatia e colaboração.

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